Eu comigo

Saúde. Faltava a gratidão por isso!

Achei que tinha lavado, esvaziado, não tinha. Persistiu uma sensação estranha, oprimindo durante o dia, assim como ontem, finalmente chegou o motivo. Continua sendo insegurança e medo, o motivo desta vez, complementando o que escrevi ontem, é porque ele tem dinheiro, então apesar de ser muito atencioso e carinhoso, me remete ao meu primo que tinha dinheiro e me humilhava, numa família em que eu nunca me sentia adequada ou suficiente, apesar de só ter problema com ele. Então Carlos ter dinheiro me intimida, me deixa com medo e insegura, em função de vivências há muito passadas. Sei que sou capaz de ser eu mesma e assumir a minha segurança, a que sinto hoje em dia. Mas está sendo muito importante tirar estes monstros  do esconderijo em que estavam no armário.

Um jeito no quadril, o acupunturista me pergunta se tive insegurança. Choro na sessão. No outro dia sinto a dor irradiando pra coxa, falo com ele. E recebo outras perguntas: qual o medo? O que te trava? Por que está com medo de sentir a vida e ir adiante? Ixi, choro quase uma hora, choro até esvaziar, ainda sem saber o que é, só sei que aperta o peito. Aos poucos fica claro, eram o medo e a mágoa de coisas que aconteceram, um choro que não pertence a quem sou agora, um medo que eu não sabia que estava em mim. Este medo estava num passado recente, em que pela primeira vez não me protegi, fui eu mesma, e fui terrivelmente manipulada. Eu me deixei manipular. Esse medo me pegou de surpresa, eu não sabia que ele estava ali. Estava tão determinada a entender porque me meti naquilo e superar, e superei, que esqueci que era possível haver medo quando eu fosse eu mesma de novo. Chorei até sentir a paz do cansaço, até entender, até deixar sair o que me machucou, o que eu me coloquei em posição d...

E foi muito melhor do que pensei! Mas porque foi melhor? Porque ele é apaixonante, gentil, divertido, sagaz, carinhoso e atencioso e senti uma química muito gostosa juntos.   E porque o meu jeito de ser e agir também é assim. Combinou. Os jeitos se combinaram direitinho, as mãos dadas se acariciando, o carinho nas costas enquanto o outro falava, olhos nos olhos. Um escutando o outro. Mas, além de tudo, porque me senti tão leve e em paz? Porque não me escondi, porque falei o que queria, sem me censurar, sem tentar ser quem não sou para agradar, sem vergonha do que sinto e do que desejo. Me amando e me respeitando eu me senti pronta para amar um homem. E senti gratidão por esta certeza. Alea jacta est.

 Fazer as pazes com o passado. Entender que o que aconteceu aconteceu porque foi necessário, ou desnecessário, mas que aconteceu. E resta entender os porquês e ressignificar, olhar com maturidade, encaixar os acontecimentos numa nova lógica e tocar a vida adiante com o olhar no presente, sem tantas amarras, sem tantos traumas de uma interpretação emocional infantil. Esse é um presente da vida.

  Minha criança. Sim, houve tempos que deixaram marcas, a maturidade está me permitindo aprimorar o olhar sobre elas, entender sensações e sentimentos que se cristalizaram durante muito tempo, e usar a razão para modificar as reações a partir de novos entendimentos.  Você era emoção e aprendizagem, eu sou maturidade e força.  Eu te amparo, eu te dou amor, eu te honro, eu te curo.  Meus braços estão abertos para te dar colo e nos curar.

Dia da saúde mental: tive pesadelo de tarde, Lá e Mel para me acordar dos gritos. Eu acordando em pânico: tem alguém dentro do quarto! Lá: Aqui mesmo não! Se tem, bora saindo que eu tenho medo, vá saindo por favor, e abre a outra porta. Oxe, isso é a pandemia! Eu: Mainha, vou roubar teu chocolate e comer todinho pra afastar os espíritos que não gostam de coisa boa!  Mainha: Vai! Eu tou ansiosa, vou é sacudir um monte de coisa fora quando voltar pra Recife, a casa lá tem troço demais! Painho: Ei, vai me sacudir fora também!? Mainha: não, né! Tu é um troço que eu quero muito! Risadagem geral. Amo muito muito.❤️