Medo e impaciência

Um jeito no quadril, o acupunturista me pergunta se tive insegurança. Choro na sessão. No outro dia sinto a dor irradiando pra coxa, falo com ele. E recebo outras perguntas: qual o medo? O que te trava? Por que está com medo de sentir a vida e ir adiante? Ixi, choro quase uma hora, choro até esvaziar, ainda sem saber o que é, só sei que aperta o peito. Aos poucos fica claro, eram o medo e a mágoa de coisas que aconteceram, um choro que não pertence a quem sou agora, um medo que eu não sabia que estava em mim.

Este medo estava num passado recente, em que pela primeira vez não me protegi, fui eu mesma, e fui terrivelmente manipulada. Eu me deixei manipular. Esse medo me pegou de surpresa, eu não sabia que ele estava ali. Estava tão determinada a entender porque me meti naquilo e superar, e superei, que esqueci que era possível haver medo quando eu fosse eu mesma de novo.

Chorei até sentir a paz do cansaço, até entender, até deixar sair o que me machucou, o que eu me coloquei em posição de me machucar.

Então consegui olhar pra mim com tranquilidade, o sentimento do passado exaurido. Por que ainda dói se eu sei que não sou mais frágil? Por ainda dói se eu realmente estou comigo e estou bem?

Porque eu não tinha me dado o direito de sentir o suficiente, na ânsia de entender o que se passou eu racionalizei demais para entender e enquadrar, e funcionou. Mas faltava esvaziar o coração da mágoa guardada. Precisava soltar isso, chorar isso.

Agora estou em paz.




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