Ontem sonhei e lembro poucas partes, pensei em anotar mas me pareceu sem sentido, de toda forma, decidi agora.
Eu e Mel vamos visitar Rubiane, uma amiga que fiz há muitos anos quando estudei para concurso. A casa de Rubi ficava nos fundos da casa da mãe dela e fomos visitá-la. Na vida real Rubi mora com o marido e duas cachorras.
No sonho, eu cheguei na sala da casa dela e ela me abraçou, pedi desculpa porque tinha decidido ir de repente quando eu estava passando perto com Mel, tinha uma mesa de estudo na sala e Rubi estudava para concurso. Não encontrei as cadelas lá, deviam estar na casa da mãe.
A casa de Rubi ficava nos fundos da casa da mãe, em um lugar muito espaçoso, a casa em si era pequena mas o terreno era bonito e espaçoso, porque tinha aproveitado uma parte do muro que dava para a Beira Rio depois da reforma da prefeitura, então ao longe ficava a porta de trás da casa da mãe dela e do lado direito da porta, uns 150 metros depois, a casa de Rubi, que ficava de lado e aproveitava todo o espaço do quintal como frente da casa, numa reforma recente feita na Beira Rio. Pensando agora enquanto escrevo, surgiu uma pergunta: por que o muro alto escondia o rio? Porque era seguro assim, o quintal ficava enorme e tirava o risco de invasão.
Conversei com Rubi e ela estava muito arrependida, ela tinha optado por acabar o casamento e namorar o irmão do marido. No início foi paixão, porque o relacionamento estava desgastado, depois que a paixão passou ela viu que amava o marido e sentia muita saudade dele, mas ele não voltaria, o caso tinha sido muito sério.
Então precisei ir embora com Mel, só aí Mel reapareceu no sonho. Arrumamos o carro para voltar, era um fiat perua, amarramos toda a bagagem, que incluía as cadeiras da mesa da sala de mainha, ficando bem alta a bagagem em cima da carroceria do carro.
A bagagem está bem amarrada? Olho as cadeiras deitadas lá em cima e acho que sim, mas então começa a chover, precisamos cobrir as coisas porque são valiosas pra gente, são as coisas da nossa família que estamos levando.
Desço do carro e vejo as coisas que estão no chão da carroceria, já começou a chover fino em cima das cadeiras e ouço alguém dizer que não precisa cobrir que a madeira aguenta, e penso: As cadeiras são de madeira impermeável?
Então olho e vejo o relógio, um relógio que foi de vovô pai de painho, um relógio mido que tem o vidro embaçado e que está sem pulseira, para ele funcionar temos que balançar para dar corda. Usei ele quando fazia escola técnica. Olho para o relógio e entrou água nele e começo a pensar em quem vou levar para tirar a água, não quero que o relógio se avarie, ele era do meu pai.
E então ouço uma voz dizendo: o relógio não tem valor inerente, é só um objeto, seu pai não está nele, mas sinto o relógio no meio do meu peito, ele é importante.
Acordei mexida. Peguei o travesseiro e fui me deitar perto de mainha, fechei os olhos e imaginei painho ali perto dela, e me senti segura de uma segurança que sentia quando isso era real. É interessante como o pensamento é potente.
Cheguei no trabalho e perguntei aos meus irmãos se eu posso ficar com o relógio, veio o sim tranquilo. Eu sei que meu pai não está ali, mas vou usar o relógio, ou talvez não o use, mas quero ele comigo.
E me peguei cantando na cozinha enquanto preparava meu café,
Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro alguém com seu carinhoE lembrei de um tempoPorque o passado me traz uma lembrançaDo tempo que eu era criançaE o medo era motivo de choroDesculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo, mas não choreiNem reclamei abrigoDo escuro, eu via um infinito sem presentePassado ou futuroSenti um abraço forte, já não era medoEra uma coisa sua que ficou em mim
E então me dei conta de que a música provavelmente tem a ver com o sonho. É painho, tem a ver contigo, eu ainda não consigo encontrar significado para o sonho, mas depois relendo sei que as imagens vão chegar cheias de significados sem palavras, e que depois transformarei em palavras.
Também me veio a lembrança de Antônio me ajudando com os sonhos, pena que mesmo se ele estivesse eu não confiaria mais nele para meus segredos, ou demoraria muito. Um homem que chegar agora terá que chegar devagar e ir ganhando espaço aos poucos, não confio mais neles com ingenuidade cega, e isso é bom. Eu já tenho intuição suficiente para aguardar os significados se apresentarem.
Cheguei no trabalho com muita dor por fibromialgia, uma dor intensa dentro das duas pernas, uma dor fina e inquietante que me fez pensar em ir na urgência. Decidi meditar e como só estávamos eu e Amanda na sala, tive privacidade. Coloquei os fones e ouvi um vídeo do perfil Andarilha. Fechei os olhos e relaxei o corpo, e de repente eu não estava mais preocupada com a dor ou com o corpo, apenas fui ouvindo a voz e subi na mente para outro patamar. Terminei o vídeo e estava sem dor, fui olhar o tempo para ver se tinha sido da dipirona um grama que tomei segundos antes de assisti-lo. Não, o vídeo só tinha 7 minutos e pouco. Pois a dor se amenizou uns 70%. Não sei como funcionou, só sei que foi assim.
Uma coisa curiosa e que pode não ter nada a ver, provavelmente não tem, mas que chegou agora em imagem. Há pouco fui ao banheiro e surgiu um insight: eu segurando na mão o relógio que foi de vovô e ouvindo as palavras de Márcio. Quando, lá em 2019, quando tia Emília me deu de presente o Mapa Natal com Márcio, ele foi enfático (e tia Emília me disse que ele nunca é enfático): Luciana, sua sensibilidade é tão grande que você é capaz de segurar uma peça que pertenceu a alguém, por exemplo, se você segurar um relógio de alguém, você é capaz de dizer características dessa pessoa. Com esse dom você não veio ao mundo para brincar.
Eu fui beber água cedo e vi meu amigo concentrado, passei a mão levemente no ombro dele e pisquei o olho. Ele se virou e disse: você é muito perspicaz! E sorriu agradecendo. E então me contou que estava com dificuldade de concentração, alheio. Eu estava com dificuldade de concentração desde que cheguei aqui. Eu estou entre lá e cá, e se isso é meu ou dele, ou meu somado com o dele, não sei. Fico com o que é meu e devolvo o que é dele. É viagem demais. É não porque chegou outro insight, eu já tive dois pesadelos com um ambiente parecido com o que vovô vivia. Por quê? Não faço ideia, ainda.

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