Sonho. 

Estou em São Luis na rua da casa de Solange, olho para a minha coxa direita e acho estranho, em cima da pele tem um desenho branco do meu fêmur, ainda é um desenho meio transparente e eu olho e acho que é ilusão de ótica. Então eu chego na calçada da casa de Solange e lá estão meu ex-noivo e a namorada dele. Olho para a coxa dela e também tem uma marca do fêmur. Ele e ela estão sentados na calçada e eu me sento ao lado dela e comparamos as nossas coxas. Na coxa direita dela também tem o desenho do fêmur e na frente da canela esquerda dela vemos o desenho dos ossos de perna se entrelaçando, ossos de homem e mulher. Então começamos a avaliar a minha coxa direita, o desenho do fêmur se torna mais nítido, e na minha canela esquerda também surge o desenho de ossos de pernas entrelaçados, homem e mulher, e o desenho vai se tornando mais nítido, não são mais apenas ossos de pernas entrelaçados, são pernas de homem e mulher entrelaçados, que começam na minha canela esquerda e sobem para a minha coxa direita. Então a esposa dele me diz: nossa, sua dependência emocional é muito maior! E eu me acordei desnorteada.

Muitos insights chegaram e podem chegar mais. A respeito do casal tem a ver com o que ouvi dele, e mesmo depois de ouvir, não me diz respeito porque é referente aos mecanismos do relacionamento deles, embora tenha a ver com meu sonho por falar em dependência.

Ele ter aparecido no meu sonho, tem a ver com a relação muito peculiar que tivemos, de amor com intensa/nível máximo de aprendizado em relação à dependência emocional e à necessidade de aceitação e de resgatar o outro no lugar de me resgatar. Então ele ter aparecido no meu sonho se enrosca com o que escrevi ontem, sobre precisar decidir seguir em frente. 

Também chegaram outros insights, todos relativos ao dia de ontem, em relação a mainha. Eu estou com ela e estou em paz na maioria das vezes. Ainda estou aprendendo sobre o modo dela agir e sobre a minha reação, e como estou aprendendo algumas vezes eu ainda sou pega nos mesmos mecanismos de antes, mas estou atenta e aprendendo. 

Ontem cheguei mais cedo por causa da liberação do trabalho em relação ao alerta máximo para chuvas. A chuva parou um bom tempo e chamei ela para resolver o que ela queria porque era relativamente perto. O lugar estava alagado e apesar de passar duas vezes eu não me senti segura para estacionar. Ela me sugeriu ir em outro local, e fomos cada vez mais longe (aqui ela já estava movida pela necessidade de resolver e eu pela necessidade de fazer ela feliz). O mecanismo começado, vamos aos fatos: fomos parar num lugar errado e soubemos que a loja ficava a uns 500 metros de onde estávamos. Eu avisei: eu não vou continuar, o chão está molhado e eu vou ficar com dor!, e ela no meio do nada: fica aqui que eu vou lá (a necessidade de resolver para se aliviar). Eu: eu vou ficar onde? (ela não via que estávamos no meio do nada? Ela não me via? e senti irritação, a reatividade de sempre). E hoje consigo olhar, como ela sempre teve o olhar voltado para painho, que era o norte dela, eu pensei em mim criança, sim, eu sentia raiva. 

Então ela disse: desculpe filha! Também meio irritada. E depois com culpa: Quando eu estiver assim você pode dizer não. 

E voltamos a ser adultas. 

Voltamos, parei perto do lugar, vi ela feliz resolvendo as coisas e comecei a sentir raiva. Antes eu estava satisfeita porque tinha chegado mais cedo e poderia mexer nas coisas que eu queria, mas tive vontade de resolver as coisas que ela queria, mas então o objetivo foi se expandindo para outros lugares e já estava ficando tarde. Nos estranhamos novamente quando ela quis passar por um lugar inseguro para mim e tive que falar novamente. 

Eu fiz além do meu limite (porque eu quis, mesmo que os motivos do exagero não estejam no presente) e cobrei fidelidade por fazer. Coisa bem infantil, o infantil não é pejorativo, foi um necessidade vinda de lá mesmo.

Então acordei! Pera, estou vendo o mesmo mecanismo de sempre! E relaxei. Parei na farmácia e fiquei no carro, li e me esqueci do tempo e aguardei ela tranquila, ela ainda na culpa. Eu disse que ela relaxasse que eu não tinha visto que ela demorou. Inversão da posição, também prestei atenção nisso. 

Então chegamos e ela viu que errou na blusa que fez: - Perdi o meu dia! Não produzi nada! Ouvi aquilo e me irritou um pouco no peito: como assim, teve tanta coisa boa! Eu gastei meu tempo te fazendo feliz! (rsrs e vi o "jogo" de sempre de novo) e relaxei de novo, atenta. 

Perto do momento de dormir eu estava sentindo raiva e nem sabia o porquê, também comi no jantar mais do que devia, ansiosa. Acordei com o sonho e ouvi mainha dizer: tou acordada desde 3h e pouco, tive pesadelo com teu pai, eu precisava pagar uma conta de dois mil reais e eu não tinha, e ele tava conversando com outra pessoa e não prestava atenção em mim... um sonho desse é de morrer!

Ouvi isso e me deixei ouvir sem me envolver. Hoje reconheci que o mesmo mecanismo que eu tinha (e as vezes ainda tenho) em relação a ela, ela tinha em relação a painho. 

Eu estou acordada, e isso é bom. Também estou aprendendo que mainha usa frases muito fortes e absolutas para coisas simples que ela emocionalmente tem dificuldade de dar conta. Hoje eu reconheço que isso é dela, antes eu recebia em mim como verdade e ficava insegura, eu não tinha essa percepção. 

A vida como ela é é um universo inteiro de aprendizado, e olhe que tou falando de dentro do meu mundinho. O meu sonho também tem a ver com esse aprendizado mãe-criança e mãe-adulta. 

Insatisfação, quem se doa demais e se esquece de si mesmo, na verdade esperando reconhecimento, de uma forma desconectada das próprias necessidades, colhe insatisfação.

Sou uma adulta que está tomando consciência do açoite, eu estou aprendendo que o único açoite que eu consigo diminuir a lapada é o do que está na minha própria mão.

Bom.


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