Fim de um relacionamento

Senti, senti e senti, fui deixando os sentimentos trazerem as emoções, e observei, sem juízos demais sobre elas, tentei avaliar em mim o que aquilo ia causando. Então depois trazia para a razão e avaliava o que era exagero e o que me machucava de verdade.

Foram dias difíceis, a ansiedade que senti com o afastamento emocional  dele me machucou, eu lembrava que tínhamos combinado de ser francos, não entendi. Então observei e aguardei.

Ouvi palavras demais de aproximação demais: eu não estou mais sozinho e isso traz alívio, me peguei cantando, Lu, quero tu, precisávamos nos encontrar depois de cinco anos e de termos vivido o que vivemos, estamos no momento certo.

E as duas primeiras semanas foram exatamente assim, de aconchego, de conversa, de construção de intimidade. Quando nos encontramos aqui e quando fomos para João Pessoa foi exatamente essa sensação.

Na terceira semana, aqui em Recife, já foi esquisito, ele optou ficar em quarto com camas separadas, quando me pegou em casa depois de encontrar a filha e o genro, nem me viu entrar no carro, com o olhar no celular estava e assim continuou e dirigiu. Em outro momento terminamos de fazer amor e ele disse: vá descansar na outra cama. Em vários momentos me senti estranha, parecia estar lidando com outra pessoa. Apenas no passeio de barco a sintonia de casal pareceu chegar.

Gosto de aconchego, de carinho, é meu jeito natural. Ele usou a frase: você é doce, tenta me agradar o tempo todo. Não, não é questão de agradar, eu sou assim.

Os quinze dias seguintes foram estranhos, tentei conversar, trazer ele para perto, mas a conversa era basicamente de amigos ou de uma certa impaciência e desatenção dele.

Na última sexta quando resolvi conversar e terminar, não o fiz antes porque ele estava triste com os negócios e coisas da vida dele, um lado que já conheço, então dei o ombro e ouvi e aconselhei. Como fiz ao longo dos 5 anos em que não nos conhecíamos pessoalmente. Vi a confusão dele com a vida dele, a dor, a angústia. Quero de novo o papel de mãe pra mim? Me tornar essencial e importante por além de mulher, ser o amparo? Não. Não quero.

E enxerguei claramente que eu estava no lugar errado, lembrei daquele bago de laranja tentando se encaixar numa cabeça de alho, e vi estava errada estando ali. E parti.

E aprendi e estou aprendendo cada vez mais a me respeitar. E mesmo sendo uma experiência dolorosa, foi válida como aprendizado de um ciclo aberto há cinco anos.

Adorei essa frase e tou colocando agora, dias e dias depois, ouvi num vídeo de Flor e Manu: "o problema não é do romantismo, o problema é do seu narcisismo que acredita".

Então acolhi na quinta, ouvi, ouvi e aconselhei, naquele momento seria crueldade acabar, ele mesmo pediu para não fazer naquele momento. Na sexta de manhã eu acabei.


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