O incêncio
Dois andares, cinco apartamentos, um é o meu.
Chego cedo e sem render estudando, decido um cochilo, tudo melhora depois de um
cochilo... no sono ouço uma coisinha longe longe... certamente não é comigo...
- ABRA O PORTÃO, tem alguma coisa pegando fogo na casa de D. Fofa! (setenta e
poucos anos, minha vizinha). Grita Bal, o pipoqueiro da clínica ao lado.
- ABRA O PORTÃO! Tem alguma alguma coisa pegando fogo na casa de dona Fofa!
Grita Bal de novo.
Seu Valdir: - O QUÊ!??? (oitenta e poucos, meu vizinho de cima)
Acordo e me sento. Pera... pera...
Seu Valdir grita da janela: - Eu não posso fazer nada! (motivo de gargalhada depois, só
muito depois)...
Pulo da cama com o coração batendo na garganta, corro pro controle e abro os portões.
Pode subir, pode subir!!!! Grito e desço pra entender o que é.
Da área de serviço de dona Fofa sai muita fumaça e cheiro de queimado, ninguém em
casa. Subo correndo, Bal já descendo, as portas estão fechadas e não tem ninguém.
Bal, sensato: - liga pros bombeiros, liga pros.... e de nervosa nem número lembro! 190.
Falo gaguejando quando me atendem, a mulher faz um monte de perguntas, respondo e
peço pressa. Ela diz: um momento, e coloca na musiquinha tan dan dan dan dan.... Meu
Deus! Liguei errado e tão me passando trote agora??? Pense num aperreio! Os
pensamentos a mil, já já o fogo chega aqui, ai meu Deus ai meu Deus, alô alô alô. A
mulher volta e diz que os bombeiros estão vindo.
Desço, Bal já arrumou uma escada na clínica e sobe pra ver pela grade que não tem
fogo, toda a fumaça é de uma panela esquecida no fogo. E aí, jogamos água daqui?
Não, enquanto não pegar fogo a gente só acompanha porque se apagar vai ficar o gás
vazando, bora esperar os bombeiros.
Nisso conseguimos achar um papelzinho com um celular, ligo pro marido de dona Fofa.
Ele está em Vitória, ela saiu aqui perto. Ele nervoso de lá, a gente apaziguando daqui.
UO UO UO... Chega o caminhão imenso.
Sobem três bombeiros, autorizam arrombar?
Claro, pode agora!
Na segunda pancada grita Bal lá de baixo: ela chegou, ela chegou!!! E Bal sobe
correndo com um chaveiro carregado e sem saber qual a chave. (outra gargalhada
posterior). Sobe atrás dona Fofa, passando mal. Trago ela pra minha casa, água,
ventilador, 10 ligações pras filhas, uma chega correndo não sei de onde, não deu tempo
vir de carro, esbaforida.
Tudo certo, fogo desligado, a panela de pressão não explodiu porque a borracha gasta
não deu pressão.
Fora a catinga e a fumaça, todos vivos, nada pegou fogo, vem o alívio cheio de gratidão.
Neste momento sobe S. Valdir, branco do susto. Já sei, ele adora uma cervejinha.
- Seu Valdir, tem uma cervejinha em casa? Diz que ia sair para comprar antes da
confusão.
- Pois tenho duas para nós, merecemos, bora!? E desceu deliciosa. (aqui Mel ficou sem
fôlego de rir)
Hoje de manhã, cinco e pouco está dona Fofa na minha porta com coisas do sítio deles:
banana, coentro, manga, mamão, toda Fofa, só gratidão.
No final, tudo certo, e hoje a sensação de surra levada chegou, o estresse cobrou o
preço. E daí? Pra frente.
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