Pós pandemia
Quem sou eu hoje?
Resposta complicada.
Já fui a complicada. Perdida.
Já fui a apaixonada. Complicada.
Já fui a mãe. De meia tigela.
Já fui a farrista. Ilusória.
Já me machuquei demais, errei demais, cai demais, amei demais, senti demais. Já me condenei demais, sem perdão, impiedosa.
Zilhões de vezes o mesmo buraco, cai sem ver mas só na primeira vez, e durou quase a vida toda. Depois cai por hábito, depois por vício. Então veio a coragem de desviar, mesmo com o sentimento de pesar de tanta vontade.
E então chegou a coragem de ir até ele e sentar na borda. Conhecer do que é feito. E foi uma surpresa descobrir que é feito de histórias e de interpretações e de vivências. O buraco é feito da minha história! Sim! Uma história de certezas! Certezas!? Achei o pulo do gato! Puxo o banco e converso com essas certezas. São crianças! Sou eu. Essa é a parte mais difícil, entender que essas certezas precisam de colo, e quando dou, elas se desfazem e me abraçam, e choram o lamento da espera e do alívio. Nos misturamos, elas se acomodam, e percebo que o buraco perde alguma profundidade. Afinal, as vezes, há também paz nele.
Hoje sou a que procura, mergulha e analisa. Meu ritmo está mais lento, o que mais preciso mora dentro, então mergulho e me encontro e me perco e até acho algumas respostas. Faltam muitas, talvez sempre faltem.
Estou envelhecendo.
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