Lôra


 Abanando o rabo e se abaixando, submissa e pedinte, apareceu do nada na porta da cozinha do sítio. 
- Meu Deus, pequena, vem cá! E coloco no braço. 
- Gente, ó o que apareceu aqui, do nada! De onde? 
Sem comida não vai ficar... mas cheia de carrapatos, antes, banho. Cheirosa, limpa e de barriga cheia, começa o dengo (e o impasse). 
Lu, não dá trela, a gente NÃO VAI FICAR COM ELA! 
não vai ficar com ela... não, ela... (e o não vai ficar vai ficando cada vez mais minúsculo...)
Passa a primeira noite, ela fica, chega a segunda noite, ela fica... e painho: 
- Gostei dela! (BINGOOO!)  
Mainha reluta um tico mas também consente.
Nen adora cachorro, também está dentro. 
Mel, que nem no sítio tava, também quer.
Dandara lascou-se, só ela contra, ciúme da gota. E tome dengo também em Dandara para amansar a fera. 
Finalmente, até Dandara consente.
E no dia de vir embora, Lôra, Lorinha, Galega, Sarará, SOME! do mesmo jeitinho que chegou, sumiu do nada.
Painho sobe o morro, Nen vai ver se ela está presa em algum lugar, mainha em pé olhando da varanda.
Decido descer até a vila.
Bato, pergunto, chego na casa de uma cadela com filhotes. Um deles é a Lôra, feliz da vida, brincando com a mãe e a irmã.
A dona me oferece ela. Agradeço, mas volto sozinha.
Ela fez a escolha dela. Respeitei, mas não sem passar a tarde esperando ela aparecer de novo. Nada. 
Lorinha, quem tá certa, afinal, né que é tu!?
És LIVRE!!!
E eu aqui na minha caixinha urbana, achando o máximo morar engaiolada.

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