Roupas


Qual o personagem que te reveste? Com qual tu te apresenta? Qual tua roupa de camaleão? Qual, pra alívio e conforto e esconderijo? 

E na roupa de baixo, com qual personagem tu te veste? Ele carrega as formas e cores de que tempo?

E mais abaixo, na pele, qual personagem mexe com os teus sentidos? Tu reconhece? E ele chama e chama, chama! Queima. Arde. Lembra? Lembra! Lembra, por favor... 

E há quem se vista rápido, só do susto. E então ele se aquieta e aguarda pra tentar de novo e de novo, mestre na paciência.

E lá dentro do teu peito? Sem personagem e sem platéia. Quem te chama? De qual tempo? Quem anseia por tua atenção?

Te aquieta, escuta, por favor, escuta. Estamos aqui. Por favor! Se encontre conosco, decifre, ajude, por favor, por favor! Estamos cansados da mesma história...

Não te esconde, não te disfarça, fica aqui, fica! Ouve a história que te contamos repetidamente. Tu reconhece? Escuta, fica, aguenta. Fica, por favor. Fica que vai passar, mestres na insistência.

Fica. A peça e os personagens esperavam por ti. E em vendaval de emoções, a tua vida encenada, no roteiro da tua interpretação. 

E então passa, passa! Os personagens se despedem, vão saindo do cenário, um a um desnecessários. Silêncio e contemplação. Um grão do caos da vida decifrado.

Muitas roupas serão desnecessárias agora. É primavera, Camaleão!






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