Assentamento
Alguma coisa definitivamente está mudando (não é isso a fluidez e impermanência?). E isso é bom.
Hoje ouvi algo assim, nascendo, naturalmente os obstáculos vão fazendo com que criemos em nós mesmos um ser compartimentado, uma definição de eu baseada em histórias, nossas sobre nós mesmos e sobre os outros, e deles sobre eles mesmos e sobre nós. Num emaranhado sem fim.
E então, talvez o sentido da vida seja voltar ao todo, e mais cedo ou mais tarde faremos o caminho de volta, quando começamos a enxergar a individualização em que criamos a certeza do 'eu assim' (ego).
E talvez por isso, seja bom encontrar sentido na própria vida, exatamente como ela se apresenta, porque ela é fruto do meu "eu e minhas circunstâncias" embaralhado nos outros e nas circunstâncias dos outros.
Enxergando assim, faz sentido a vida ter sentido por si mesma, afinal, se ela é a consequência de tudo que vivi até aqui: eu + minhas escolhas (baseadas em minhas histórias mentais) + os outros (e as histórias mentais deles) + a natureza do planeta em que vivemos (e as consequências naturais dele mesmo e do que fazemos com ele).
Se somos assim, únicos em cada um por consequência do que criamos em conjunto, parece natural que, ao vislumbrarmos isso, queiramos voltar lá para o início, para o útero onde tudo é possível, e construir melhores histórias a se pensar....
Então podemos acordar para o instante, o vazio de onde tudo surge, e a lucidez intrínseca vai nos mostrando cada vez com mais clareza os emaranhados (não naquele instante, mas o espaço que ele cria cresce dentro de nós, um espaço de liberdade)... E talvez possamos construir tecidos mais harmônicos ainda nesta vida.
Ou o dzogchen tem sentido por si só, estar com o vazio?
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