Limbo

Limbo. Aquele lugar que não é nem lá e nem cá. Acordei assim. Acontece as vezes. Por sorte, alguém ou alguma circunstância me traz de volta. Quando não, volto sozinha.

Depois, é como acordar num susto: Oxe, eu tava bestando!?

Tava, mas voltei! E o prazer volta de novo, o deboche também.

E hoje dois eventos me trouxeram. 

Um caba do Rio que conheci lá em 2016 reapareceu no whatsapp e falou em saudade, acreditei não, mas ele falou um bocado de coisas das quais rimos e eu não lembrava, e isso foi bom. Também lembro dele. Só. Acredito que ele lembre de momentos da gente, porque foi interessante, mas principalmente que virá em fevereiro e quer companhia, assuntando terreno. Não mais.

Me fez bem ele me lembrar quem sou, ou quem fui. E aquilo me acendeu em mim de novo. 

Na hora do almoço fui me esquentar no carro e cheguei a roda tinha sido travada porque parei errado. Pensei em ir resolver, culpada (êpa! conheço esse lugar), parei e ri, o deboche chegou e fui me esquentar mesmo. Passou um colega e conversamos e rimos. Depois fui pedir pra destravarem a roda, entrei rindo e quem me atendeu riu também e conversamos sobre um monte de outras coisas. A roda foi destravada, e eu também. Terminei viva e completamente em mim, e lembrei de um texto de James ontem no grupo de budismo... "é por isso que na tradição dzochen e na mahamudra eles dizem 'só sejam alegres', o que soa como um conselho estúpido, mas aconteça o que acontecer não se preocupe, não leve isso muito a sério. Porque o que está a fazer é falar conosco num nível comum, quando não conseguimos meditar e nos sentimos muito fodidos e estamos perdidos e confusos pelo menos coloca um sorriso, porque se sorrires outras pessoas vão sorrir e isso vai animar-te. Porque se entrares nas profundezas, se começares a cortar o ritmo dentro de ti próprio e o disco repete e repete, ficas com uma sensação de aprisionamento. 'Não sei o que fazer, estou preso' e isso é uma situação terrível, como podes estar preso quando tudo é impermanente, dinâmico e comovente?".