Consagração

            

Da dor nasceu um dom, mas ele só pôde despertar com sabedoria junto com o meu despertar. Ele está tomando força e equilíbrio, porque eu estou tomando força e equilíbrio.

Agora começo a entender porque eu me perdi na minha dor e porque eu me perdi na dor dos outros. Sem a dor o dom não seria lapidado. Através do meu sofrimento eu me adaptei de muitas formas, e para ser reconhecida eu acolhia em mim a dor do outro como sendo minha, me esforçando para agradar e ser aceita.

Isso me deu conhecimento sobre acolhimento, talvez, sem trauma eu não teria ferramentas para amadurecer o dom, eu não teria dado tanto espaço aos outros.

Não preciso mais disso, estou aprendendo a ser gentil comigo, e assim o dom vai se manifestando com um propósito. 

Não é necessário tomar a dor do outro para mim, é justo o contrário, ajudar o outro a se tornar consciente da própria dor e cuidar dela.

E eu não consigo mais duvidar, domingo eu falei um nome inesperado, a imagem veio na minha mente e eu disse naturalmente olhando para a entidade incorporada. Eu não imaginava que aquela entidade existisse exatamente com o nome que falei.

Pela primeira vez eu falei algo que não sabia da existência antes de falar.

Coincidentemente, uma mãe de santo me enviou de manhã um vídeo sobre quebra de padrões entre gerações, que eu só vi de noite em casa. Eu já tinha ouvido antes, lá atrás, que eu faria isso. Muitos antes, e lá eu não acreditei. Agora eu não duvido.

E justo no evangelho duas guias foram presenteadas, uma delas foi a mim, por alguém que não sabia que Iansã é minha mãe Orixá, assim como recebi Exu Giramundo pela primeira vez em uma reunião, antes, só recebia na companhia de tia Emília. E de noite tive uma experiência única em casa. 

Também pela primeira vez no evangelho senti imensa necessidade de ir ao banheiro, eu fui. E durante a reunião eu precisei vomitar várias vezes. Eu nunca tinha sentido isso. Fui avisada de que eu estava com correntes de energia em desequilíbrio, e eu senti fisicamente antes de me dizerem, tá muito rico e interessante.

Obrigada meus amores queridos. Eu começo a entender. Eu começo a me sentir digna do que recebi, e esse é um grande passo, eu sei. Foi uma conquista.

Eu vejo e digo coisas que eu não conheço e que existem na energia e na umbanda. Isso traz responsabilidade e exige equilíbrio. Eu não poderia despertar para isso antes de estar pronta. Agora entendo o que aprendi na dor.

Na madrugada do domingo, acordei de muitos sonhos, tinha deixado uma vela acesa dentro de casa, eu sabia que a energia da minha casa não estava boa. Então de repente o cinza do chumbo estava comigo, o castiçal na mão e a energia cinza para ser trabalhada. Eu peguei o castiçal com a vela para Iansã, que já está a apagada, e sai dentro de casa vendo várias geometrias se formando dentro do chumbo na minha mente. Fiz oração e rezei a cada toda, em alguns momentos caminhei de olhos fechados para não perder a conexão com o que via. E quando me sentei no banheiro para continuar a oração e fazer xixi, fiquei ali um tempo embalada pela energia, e então entrou um vento que balançou as portas do box. Eu não estava sozinha e vou lembrar disso. 

Um grande presente me foi dado, eu precisava retornar pra mim antes e então ele se fortaleceria. 

É preciso força, equilíbrio e aprender a me resguardar com respeito, antes a mim mesma e depois aos outros, e trabalhar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ressignificar

Pecado Original

Luz no porão