Movimentos... hoje é sexta.
Quem imaginaria que hoje eu estaria morando novamente com mainha? 
Quem imaginaria que hoje minha filha estaria morando na minha casa e que escolheria não ter proximidade comigo?
Quem imaginaria que, apesar do processo, depois de um longo caminho, estou me sentindo bem?

Quarta mainha tocou em um assunto sensível e eu chorei, então ela se levantou e me abraçou. Temos feito isso muitas vezes, mas em específico nesta vez, me senti abraçada e deixei que aquele abraço fosse para o passado, especificamente para mim quando era criança, e me senti abraçada por ela lá naquele tempo. E foi um movimento lúdico muito importante. Foi lá que comecei a me afastar dela. E hoje voltei a morar com ela, justo a oportunidade de nos ajustarmos e entrarmos no fluxo natural mãe-filha ainda nesta vida.

Quinta de noite quando eu me deitei, eu estava pensando justo nos caminhos da vida, que o afastamento de minha filha trouxe o meu maior medo, o medo da rejeição e do abandono, e a frase que me marcou a vida quase toda (mas não toda que ainda tou viva), dita pelo meu primo: - Ela não vale nada! Ela não vale nada! 
Viver o afastamento me fez estar na presença do meu maior medo, desta vez pela pessoa mais importante ligada a mim. E vou dizer, quase caí de queda definitiva, quase mesmo. Consegui me segurar. Havendo o meu maior medo se consolidado, tenho o meu maior medo a menos. Agora penso assim. 

Pois bem, eu estava na quinta à noite deitada e pensando nisso, senti tristeza porque no processo eu engordei, ao mesmo tempo em que suportei o afastamento, doeu lembrar do quanto me doei, doeu lembrar que usei a comida como válvula de escape. E ali abri o celular. Havia um áudio de um amigo, que está se tornando importante para mim, ainda não sei se como amigo ou algo a mais, só o tempo dirá. Ainda estou sentindo, farejando, experimentando. Hoje, só com pés no chão e cautela. Pois bem, ele assim do nada disse no áudio que queria me dar um presente, um livro, quando for numa feira livros em haverá em Caruaru. E aquela gentileza me emocionou. Foi gostoso e terno, deixei que aquele gesto fosse para a criança que fui, a mesma criança que mainha abraçou na quarta, e foi muito bom.

Ontem de noite eu fechei a porta do quarto para dormir, mainha estava na sala assistindo um filme. Com a porta do quarto fechada eu me cobri com a manta e pensei, hoje eu vou dormir uma noite muito boa com um sono repousante. Vou fazer de conta que este quarto é um útero e eu estou aquecida e protegida, desejada e tranquila. E dormi uma noite de sono bom e tranquilo. 

Eu estou bem, e isso é bom.

Foto: @_julianalapa_

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