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Mostrando postagens de agosto, 2020

Solitude

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Pensando porque escrevi aquilo de completamente despida, descobri. Passei meses sozinha na quarentena, foi difícil. Aquilo tão batido de ter que lidar o tempo inteiro comigo mesma, bateu forte. Mas  depois de alguns (sérios) embates, aprendi a apreciar demais a minha companhia. Então minha filha voltou a morar comigo depois de um ano e meio. Foi muito gostoso e interessante, chacoalhou o ambiente.  E recentemente minha irmã se mudou para um lugar lindo, aqui perto, e levou meus pais. Então ultimamente todos os finais de semana vamos para lá. Escrevi Completamente Despida porque estava ansiando ficar sozinha, uma vontade imensa de ficar completamente só de novo por um tempo. Escolhi não ir neste final de semana, e que surpresa gostosa ver que tava com saudade, uma saudade imensa de mim mesma! Presente da quarentena, no final das contas.

Ex-amor

Um sentido para um dia? Encontre um ex-amor. Mas só serve se tiver sido de alma, de corpo inteiro, de você toda. E receba e dê um dos abraços mais gostosos e mais demorados.  E fiquem os dois se olhando com os olhos cheios d'água, pela certeza de ter amado e ter sido amada.  E da mesma forma que ambos têm a certeza de que juntos não seriam mais felizes, têm mais certeza ainda do amor (em outro sentido), do afeto, do carinho, da cumplicidade e da amizade palpáveis, que sobreviveram aos atropelos. Isso é o que importa, afinal.  E a vida é para a frente.

Mulheres ao mar em passeio lúdico

Uma dádiva poderia ser dada à mulher Escolher alguns dias para estar completamente despida, de roupas, de cabelos, de pêlos, de qualquer adereço que gere cuidado com a aparência Despida de família, de filhos, de companheiros, de trabalho, de qualquer outra companhia que não seja a si mesma Livres de tudo que não seja seu corpo em sua pele E uma piscina  aquecida para acalmar e experimentar essa liberdade Livres, entregues, suaves, felizes Despidas de tudo exceto suas almas E a água acalentando seus corpos E depois tudo de volta, sem preço a pagar

Cansaço

Rapaz, não sei vocês, mas eu tou cansada como há muito não sinto! Tem momentos que isso beira a exaustão. É um cansaço chateado, entediando, o que me assustou e encantou na maioria do tempo da quarentena, agora me exaure. Cansaço de descobrir caixas e caixas fechadas no meu consciente, cansada de abrir, de avaliar e trazer pro sol. E a cada vez que dou conta, durante a madrugada o inconsciente traz mais entulho! Como assim? É um cansaço que já saiu da alma e tomou o corpo. E ainda se soma às obrigações da vida de antes, cozinhar, trabalhar, lavar, arrumar casa. Então pensar está pesando! Saudade de sair sem destino com as colegas e me danar no mundo! Aí relembro que já tava cansada disso e desejando repensar várias coisas da vida. Poxa, então não reclama!.... Hum!? Ouvi Deus? Eita, bate a culpa! Mas meu Deus, venha cá, não era alguém do Senhor que falava em caminho do meio? Não tá com a gota, só um ou só outro!? Tá na hora de um coisinha diferente de 180, não? É demais pedir de tudo um...

Paciência, a que não tenho

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A maturidade

A maturidade tem olhos de criança encantada com a vida Saboreia os minutos por sabê-los finitos Os cabelos brancos já foram bem pretos  Naquela época o olhar se alternava entre entediado e impaciente com tanto tempo.  A ampulheta implacável não se altera, a maturidade mostra a importância do que ela carrega.

Outrora

Meus filhos são adultos. Olho para eles, os amo. São em parte reflexo do meu caminho, das minhas decisões. Não são perfeitos, são meus filhos, e os amo. Não sou perfeito, fiz um caminho longo e tortuoso, fui o que pude ser, não avalio mais o passado, não há tempo. Houve momentos maravilhosos. Tenho uma companheira fiel e adorável. Talvez devesse ter sido diferente com ela em vários momentos. Superamos tantas adversidades! A amo imensamente e sou amado, sei disso. E na minha idade ter uma companheira segura, afetuosa e amorosa é uma segurança incrível.  Não cultivei a fé em vidas posteriores, estudei muito e isso não entra na minha cabeça. Hoje sinto medo da morte. Disfarço bem, mas quem me vê de perto com os olhos do coração, simplesmente consegue ver. Não tenho que reclamar, sou amado por minha família, por minha irmã. Fui amado por muitas pessoas ao longo da minha vida, e assim continuo. Tenho pouco tempo, gostaria de mais, muito mais.

Felicidade

Talvez seja a aceitação serena do agora: de quem sou agora, do que posso agora, de onde pude chegar até agora.  Não é a ausência de luta, é a minimização do debate interno desgastante. O demais é alegria.

Homem casado

Ô venha cá meu colega Te dou um aperto de mão Se a intimidade permite até dois beijinhos se vão Mas tua conversa agora tá andando meio furada Vem me mandando mensagem, pedindo cheio de graça É uma tal de saudade Saudade de teu sorriso Vontade do teu abraço Vontade de outras coisas  Isso me cheira a amasso Conversa é essa amigo? Aqui tu não tem mais nada Vontade de homem casado tu se resolve em casa

Mea culpa - com ou sem culpas

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Sou bondade e sadismo Selvagem e calmaria Sou amor e cumplicidade E sexo e putaria Eu sou a outra metade Daquilo que andei buscando Sou o avesso da metade acabada e perfeita Eu sou a imperfeição, quase sempre insatisfeita Mas quando olho pro espelho, estranhamento e surpresa! Há mais elementos ali do que supunha existir!  E o reflexo se move! As várias partes se juntam, formando duas metades, perfeição de sombra e luz! E então num último ato, as duas metades de juntam. E não há certo nem errado, há uma conjunção, imperfeita e inacabada em perfeita comunhão. Capaz até do amor que vem da aceitação.

Um Barato

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Pérolas. A família reunida, a conversa tava amena. Inventou de abrir a boca pra contar uma cantilena. Duma cerimônia que foi em 2019 em que conheceu a mãe terra num passeio muito nobre, e voou num caleidoscópio muito maluco de ópio, o ópio é brincadeira, a droga era verdadeira, mas totalmente lícita pra cerimônias curandeiras. Tomou a primeira dose e não sentiu o efeito, se arrumou de um jeito pra não sentir muito frio, pois parecia que pra viagem tinha perdido o ticket e saído da listagem. Relaxou e fechou os olhos, talvez dormindo um pouco a noite se acelerasse. Então ouviu claramente: meu amor, eu cheguei, eu estou aqui! E entrou num caleidoscópio gigante ao ouvir a Mãe Terra chamando. Chorou de felicidade, pois afinal conhecia a tão falada viagem! E foi pra segunda dose, a viagem aprofundou, a mãe terra o levou a  lugares tão incríveis! Nem consegue descrever de tão mágicos e divinos, que se sentiu muito honrado ao percorrer tais caminhos. Em alguns momentos teve medo, então se...
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Catarse

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As vezes o sono não repousa. Não deve ser fácil dormir comigo, pelo menos em algumas noites. Converso, falo, choro e me assusto em pesadelos. Lembrei de manhã de um ex namorado que pacientemente me abraçava pra me acalmar e eu adormecia e ele perdia o sono. Uma lembrança terna, sem saudade. Para não incomodar Mel, já que visitando meus pais dividimos a mesma cama, tomei um rivotril de mainha quando na madrugada senti que a noite não seria fácil. Um pesadelo atrás do outro, se pelo menos eu lembrasse, teria algo a trabalhar e lutar contra. Nunca lembro, então sou alvo fácil de mim mesma, só pode. Acordei cansada. Vi nas mensagens que minha ex sogra, de um outro noivado de seis anos, faleceu. Relembrei sua batalha de mais de 20 anos contra o câncer em alguns órgãos, cheia de vitória e lutas, relembrei seu jeito forte, decidido, e extremamente frágil algumas áreas emocionais. Relembrei como foi difícil para ela me aceitar, eu namorei o filho preparado para substituir o marido que os aband...

Academia. Tu vai!

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Nessa chuva, oxe, é dia de academia nada! Ler um livrinho, deixar o tempo passar... Mulher, toma tento, vai timbora bandida véa, tas ficando engraçadinha, amanhã tarás arrependida blá blá blá, o juízo a favor da culpa é incansável.  😒 vou ligar pra academia, quem sabe o professor vai faltar a aula de bike... ligo, ele não vai! Mas a atendente se cala? Não, né!  - Olha, mas vai ter uma aula experimental de muay thay.... Porra, num podia ter se calado na primeira frase? Tipo: infelizmente não teremos aula de bike hoje. Priu. Fui, e lá tb não terá a tal aula experimental. Tá vendo! Eu sabia que era pra ficar em casa!  Desço e dou de cara com as esteiras. Teve uma queda de energia e metade delas pifou.  Agora sim, caaaaaasaaaa! Chego na esquina e a culpa: - poxa, tu nem procurou saber se tinha esteira disponível. VOLTO. Todas ocupadas, pego a chave de novo,  agora vou pra minha casinha e ninguém me segura! E uma (maldita?) moça esbaforida grita lá do canto (dos inf...

Sublime

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O sol torrando, a piscina gelada, a gente dividindo a bóia e conversando besteira. Amo quando estamos em sintonia divina assim, pitozinho de mainha. E mainha e painho, e La e Cesar, e os meninos. Não havia melhor lugar no mundo para estar.

Sem ideia de suas ideias

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  A   FOTO DE GAUDI : La Pedrera Vá, minha filha, escreva um texto: Sentou para escrever.  Ela não tinha ideias. Simplesmente a ideia de não tê-las ocupava qualquer ideia. E quanto mais se esforçava, mais branca ficava a tela mental.  Nossa, e como aquilo cansava! Mas venha cá, uma mulher saindo por entre grades tortas, falsas grades?, (a figura) o que poderia significar aquilo? E ainda mais em conto? E pensava que poderia faltar energia, e clicava em salvar o que tinha escrito, poucas linhas. E toda vez que pensava em faltar energia e salvar, a cabeça branqueava. Né mais fácil crônica? E quem liga se é uma arte menor e mais prática? Continua, ela pensava. Poderia ser sobre a emancipação feminina? Entendia disso? Sim, na prática, não na teoria. Poderia ainda inventar uma estória mirabolante, uma mulher fugindo das próprias amarras, ou das amarras da sociedade ainda machista? Também, mas corria o risco de descambar para algo comum, batido, mercado de trabalho, respons...

Quem sou eu?

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Escutei essa pergunta há três semanas, busquei respostas.  Atravesso meu deserto a cada dia, procurando e me descobrindo. Me tornei muito curiosa. Tenho visitado lugares terríveis, mas também outros deslumbrantes.  Os terríveis tenho feito questão de dissecar cada milímetro, avaliando cada ponto obscuro que consigo alcançar e trago pra luz.  Se sinto medo?  Já senti medo demais. Não tenho mais tempo, aliás, tudo o que tenho é uma certa quantidade de tempo, e não desejo ele desperdiçado. Quem sou eu? Certamente não sou a mesma que ouviu a pergunta há três semanas. Há três semanas respondi: Quem sou eu? - eu estou a procura de mim mesma, estou me descobrindo.  - sou mais forte e corajosa agora. - eu enfrento o medo, mesmo com dificuldade. - fiz muitas escolhas baseada em crenças muito limitantes!, hoje procuro me conhecer, desmistificar e crescer. - Sou mulher, sou mãe, sou filha. - sou cada vez mais eu mesma. Há ainda um longo caminho e quero  trilha-lo. - e...

Esquisita

A criatura se aconchega para dormir. Tá quente? Um tiquinho, mas vai experimentar não ligar nada. Adora o silêncio da noite.  Se vira pra dormir e do nada frio e arrepios, muito frio! Pega um edredom e deixa só o nariz de fora, sem se mexer. A temperatura vai voltando voltando, até ficar um calor gostosinho. Agora sim.... dormir em paz. Então ouve: criatura esquisita, tas em que lugar do mundo?  Em Recife, responde ao juízo. -  Esquisita esquisita, estranha essa mulher. E ela: - Ei filhote, hora de ninar, se tu não calar a mamãe aqui não dorme. - Esquisita! Ele sentencia sem abrir mão da palavra final. Com o juízo no modo deboche não adianta discutir.  Suspira encerrando a conversa. E adormecem.

Selva de pedra

Cedo hoje,  Um rapaz mal vestido e descalço vem correndo na Rua da Hora com um saco na mão,  vem em direção aos carros, sinto medo e acelero. Medo. Quando sinto alívio porque ele não alcançará o meu carro, olho pelo retrovisor: O olhar dele é de pânico,  fuga. Sangue escorrendo da cabeça para o rosto e pescoço.  Outros carros também tentam se desviar dele. Caralho, que porra de vida é essa????? Vou voltar. E que porra vou fazer com esse cara!? Sei la! Deixo ele na Restauração,  deixo ele perto da casa dele. Sei lá!  Volto com medo. Ele não está mais lá.  E sinto alívio e dó.  Uma dó imensa dele, e também nossa, desse pânico estabelecido.  E o dia fica uma merda. Em frente.
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Recalque

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Bússola ou biruta

Toda vez que tou numa situação muito difícil e alguém me diz: - Ouça o seu coração! Imediatamente me vem na cabeça: Rapai, meu coração tá mais pra biruta que pra bússola!  Se eu pudesse, ficava sentada de fora, olhando o coração se debater com o cérebro, pernas cruzadas e tomando um café, feito mãe olhando meninos pequenos se cansarem, esperando a calmaria... Então diria: - Parô? Tá bom de drama? - Tá.  Bora pra frente.

Amiga

Adoro mesmo é de ser chamada de Lu, ou Luciana! Ser chamada de amiga eu gosto,  tá na moda e eu sei e aceito, mas ainda é estranho.  Sorrio e penso a mesma coisa sempre: tou na papa! Fico com a impressão de que todos fazemos parte de uma papa, sem identidade, sem definição própria.  Ah, e amigo ou amiga tb pode ser usado antes do nome, para deixar claro em rede social que não há relacionamento mais íntimo entre os envolvidos (precisamos mesmo provar isso?).   Mas também tem o amiga que significa ser amiga mesmo, esse eu adoro! Ser chamada de amiga por quem sabe teu nome e partes da sua história, esse eu amo. Lu, Luciana ou amiga, todos são bem vindos, não na mesma intensidade.

Sinceridade à flor da pele

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 - Aumentou o tamanho da cabeça de um lado só!!! Eu ouvi isso?? Eu tinha a-c-a-b-a-d-o de colocar a flor preta no cabelo! Deu nem tempo de levantar o olhar pro espelho quando foi dado o veredicto. E pior que a mulher tava certa, tava direitinho como se um tufo grande de cabelo tivesse crescido de um lado só. A 'sinceridade à flor da pele' era a vendedora. Deu nem tempo me aborrecer, ela chegou mastigando paçoca e rindo, dizendo que não se controlava com paçoca, que tinha escondido as 4 que comprou e comido todas sem oferecer. Um mulher sincera assim não pode ser má pessoa!, ainda mais se esconde doce, compreendo perfeitamente! 🙄 E acabei levando a flor amarela, escolhida por ela.

Painho

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Quieta, diluindo a raiva dumas notícias que não gostei. Painho aparece na porta. - Lu, Lu, paciência, todo mundo tem seus defeitos e qualidades... e solta: nem todo mundo tem só qualidade que nem nós... Pisca o olho e faz um riso com o canto da boca. Pronto, a raiva foi embora, o humor volta risonho, deixa de ser soberba, Mulher! Ô pai, como te amo!

A doida e a crédula

 - Eu vou morrer???  Olhos saltando, rosto ansioso, uma mulher me pergunta na calçada.  Não, respondo com calma. - Por que não?  (ai Cristo ...) Um dia, talvez um dia, não hoje. (Oxe talvez, Luciana??? Ela é highlander?)  - Vai chover??? Talvez. (com ela é melhor não dar certeza) - Então é melhor eu entrar, né?  Meu cabelo é crespo e vai encriquilhar todo. Bestei e  disse: besteira, ó o meu! E ela: - O teu vai ficar pior que o meu! É mais tuim!!!  Putz, tinha saído da academia feliz por finalmente ter ido,  satisfeita e lúcida.  E volto pra casa pensando: vou morrer (com certeza), vai chover (com certeza) e meu cabelo vai encriquilhar (com certeza).

Vai pra dentro

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 Avaliar o que eu estava fazendo com meu tempo de vida.  Escolher onde e com quem quero estar, com lucidez e seleção, e com menos conveniência apenas. Estar mais perto ainda de quem tem valor para mim e que também me valoriza. Decidir para onde quero ir, ou para onde não quero ir, e saber ser fiel a essa escolha. Não quero fugir de pensar sobre isso, o recolhimento forçado pode ser um tempo esclarecedor.

Quem manda?

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 A raiva.  Tem coisa mais d-e-l-i-c-i-o-s-a que sentir ela tomar conta e sentir o poder, a coragem, o medo desprezado? Extravasar no impulso da violência? Devolver na mesma medida ou maior? Ferir mais do que o gatilho de origem?  Tem. Tem coisa mais gostosa. Tomar posse dela, determinar quem domina, sentir ela circulando e observar, sem agir, raciocinando, transformando, isso é delicioso, decidir a ação racionalmente, usando a lucidez e a força dela. Amém, meu Pai!, que eu consiga cada vez mais.

Chá mate

 Tia Emília no telefone. - Lu, bora pra oração das 18h? Tia...., Bora! Vou prum canto da casa que gosto. 18h. Coloco a Ave Maria tocando baixinho. Não rola, oxe, fúnebre. Coloco o Bolero de Ravel, ixi, nada, fúnebre. Já sei, vou fazer chá! E faço um litro chá Mate e paro. Que danado de reza foi essa, Luciana???🤔 - Não sei, foi o que veio. E deu o clique, tinha quase sempre chá mate na geladeira de meus pais quando eu era pequena. Pois é, fui buscar arrego na memória que nem lembrava. Então desejo a cada um que esteja inseguro uma memória boa assim, de segurança.❤️  E foi a oração.

Aquieta

Aquieta a tua alma, sai da mistura neste momento, te recolhe, volta a te sentir completo como és. Não te movas agora em direção perdida. Calma. Silencia. Volta a te sentir em ti mesmo.  Quanto estiveres completo sentirás para onde queres ir, ou não ir.

Seu Valdir

 E ontem faleceu S. Valdir. Quem vai se  levantar com dificuldade pra abrir a porta pra mim porque estou com compras nas mãos? Era um prazer esperar o senhor abri-la. E guardar os jornais que lia todos os dias e deixar silenciosamente em minha porta para eu colocar pra Dandara fazer xixi? E  quando eu agradecer por eles, me perguntar se ela já leu tudo direitinho? E dizer: - Olha, a Mel já chegou, não tou tomando conta da vida dela não, é só para avisar que ela está bem e que já chegou.  São tantas gentilezas, tantos pequenos detalhes que vou guardar com carinho. E não são só os meus, cada um que estava no seu velório estava com algo seu para lembrar e dividir. E seu filho? Gentil também.  E seu neto? O menino mais homem que já vi, soube segurar o medo e o desespero, orientando o que fazer quando o senhor mais precisava de ajuda, e foi um honra tentar ajudá-lo naquele momento derradeiro. Desejo paz e luz ao senhor nessa nova jornada, mas isso é redundância, o se...

Phyna

Phyna! Recebi uma cesta da Neguinha e me emocionei. Meu aniversário. Tinha um bolinho de noiva com capinha branca e tudo, passei um café na hora. Mordi o bolo e era de queijo! Oxe, que delícia com café! E ainda disse, Nega, que queijinho delicioso, tomei com café agorinha! - Mainha, acho que era queijo brie!  - E era? Pois acabei de comer como bolinho de queijo com café! E amei. E gargalhamos juntas, a felicidade pode ser muito simples.

Cordel e carnaval

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ODEIO o carnaval de Olinda! Calor, sufoco, aperto, mormaço, cachaça. De bom, só a companhia das meninas. Como assim, Luciana? Ano passado tu AMOU!  Ontem faz muito tempo, sou de gêmeos e amanhã posso amar de novo. Mas vai: Um momento mágico? Cordel do Fogo Encantado, uma e pouco da manhã, Invocação para um dia líquido.  O som dos tambores invadiu a praça e a minha alma. Me arrepiei inteira, chorei de felicidade. Viva, livre, saudável, eu inteiramente minha.

Antes tarde!

 Há nóias que duram mais que uma vida, o sujeito nasce e morre sem compreender a que veio em determinados pontos. E repete e repete (e repete) as escolhas baseado numa premissa escondida no fundo da sua alma, tão escondida que ele nem sabia que estava lá. Um dia, do nada, ou do tudo, quando procurada incansavelmente, quando trabalhada insistentemente a busca, essa premissa fica descoberta por instantes. E então forma-se o insight, um clarão que expõe o ponto, o “x” da questão, que definitivamente não poderá se esconder novamente, embora até tente. E nesse ponto as lágrimas e o sofrimento são tomados de surpresa. A surpresa da descoberta da equação, do início da resolução. Tudo se bagunça e se reorganiza numa ligeireza instantânea, assusta e encanta. Em que ponto isso aconteceu? Não importa. Agarre essa luz, não largue e menos ainda esqueça, abra espaço, sim abra cada vez mais e mais, deixe a visão se expandir, descubra até encontrar parede sólida novamente. E desconfie, desconfie s...

Pós-pandemia

 Árvores sem folhas, é, melancólicos? E somos, é? Bota no plural não, visse! Se tu quer ir nesse caminho, vai, tenho mais idade pra ir na manada não, não sempre, só de vez em quando, quando convém ao meu humor. Um dia vou contigo sem tu saber que é por minha própria vontade. No outro eu vou comigo e te deixo chorando pitangas (as tuas, e se brincar, as minhas). Ah, de saco cheio de melancolia e tristeza, deixa a vacina sair pra tu ver a balbúrdia recomeçar com tudo! Quero mais é que o circo pegue fogo. Porra de terapia, porra de pensar, quero o fuzuê! Ou não, também posso mudar pra melancolia, porque não?

Deus, o pandemônio, o livre arbítrio e a pouca fé

Pois bem, era uma vez um povinho muito complicado chamado humano, criado por Deus. E Deus achou que daria certo. (E é. Achou? Mas Ele não é onisciente? Cala a boca!).  Deus criou o livre arbítrio e deu-o aos humanos sabe-se lá porque, então os humanos sempre, desde sempre, destroem tudo que vão encontrando pela frente, e se destroem também.  E de vez em quando outras partes que também foram criadas por Deus se revoltam, como a natureza degradada, e inicia-se o pandemônio. Não, o pandemônio não foi criado por Deus, ele é filho do livre arbítrio.  Pois bem, digamos que o vírus atual é um fruto do pandemônio, que é fruto do livre arbítrio. Mas, e onde Deus está nisso tudo? Ele está esperando pacientemente. Pois é, Ele espera pacientemente que seu filhos amadureçam, encarnações após encarnações, pandemônios após pandemônios.  Mas e o Onipotente e o Onipresente? Olha, tas querendo saber muito demais! Com o onipotente ele resolve tudinho rapidinho! Mas... digamos que a o...

SONHOS EM VIGÍLIA: Com que sonha esta mulher deitada?

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  Não sonha muito. Mil Olhos em vigília a espreitam. Contida, enquadrada, subjugada, manipulada, assim sonha uma mulher. Mas não todo dia. Um dia, um sonho em TPM decidiu olhar além das paredes do quarto. Esperou pacientemente os mil olhos piscarem em sincronia, e escapuliu. Ficou tão surpreso com as possibilidades que quase acordou do susto, querendo segurança. Liberdade! Ele conheceu a liberdade! E antes de adormecer se esforçou, a mulher adormecida tinha que lembrar! Não podia ser um sonho esquecido! E ela não esqueceu. Acordou e alguma coisa nova estava lá, questionando, perguntando, duvidando do estabelecido. Uma mulher sonhando um sonho de liberdade... o (seu) mundo mudará.

Crônica pandêmica

 Preciso ir no mercado e tou tão em casa que esqueci que não tenho máscara! - Tiro a velha máquina de costura, corto uma fronha. Só sei costurar em linha reta. - Improviso uma máscara, duas camadas, 23 horas. -  Perco o sono.  - Mel manda mensagem, crise de riso.  - Mal durmo. Chega a hora. - Tomo banho, boto a máscara, óculos embaça. - Mainha avisa: manga comprida! Conselho de mãe... calor do krai! - Carrefour, temperatura ok, álcool em gel ok, pode entrar. - Garagem casa de mainha, ganho almoço, sobremesa e carinho, trago pra casa. Vontade de chorar. - Chego em casa, sapato na porta, água sanitária, álcool em gel, roupa na máquina. - Banho de cabeça, lavar frutas, água sanitária nas frutas, limpar as compras.🥵🥵 - Banho de novo. Cristo Rei, posso almoçar?🥴 Agora poooode!!! Graças a Deus!🙏

Amenidades deliciosas

Paro no posto. Select. Quero nada. A filha quer, desce. Nas comprinhas dela, dois chocolates. Desavisada, olho com tanta gula que gargalhamos. Oxe, aguento não. Vou descer. A vida tem mais sentido com uma coca zero geladinha e um chocolatinho. Desço, me delicio olhando, escolho um a 60 de cacau, pego a coca super gelada na mão, antecipando o prazer. A felicidade pode ser simples. Converso sorrindo com a moça do caixa, tou só bom humor. Saio, um cachorro gruda, pedindo, afago com carinho, estou leve leve. Dois homens, um vigilante, diz que o cão é pidão, cheira e nem aceita um pedacinho de chocolate. Converso sorrindo com os homens. Volto pro carro feliz, abastecida,  tou com minha filha, com minha cadela, temos comida e vamos ver nosso povo. Só amenidades. - Mainha, muito lindo a senhorita, desceu, falou com meio mundo, alisou cachorro, tudo sem máscara. Perplexidade!  Me assusto mas penso. Foi, tá ido. Avalio as emoções. A felicidade continua lá, seguro. Ela fica. - Peta, col...

A nova juventude

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  A NOVA JUVENTUDE E surge uma nova tribo. A nova adolescência começa nos enta. Uma adolescência que casou, descasou, não casou, criou os filhos e (re)descobriu o “curtir a vida adoidado” após os quarenta. Olho pra nós. Pra nós? Sim, o bar está cheio. E sorrio. A música está alta, não ouço a conversa, mantenho o olhar tranquilo, de quem sabe o que quer e quer estar onde está. O que antes me parecia inebriante as vezes se torna uma sequência de reprises, mas isso é um segredo. Não é legal não estar legal. Alto astral! Fulano que já ficou com sicrana, que tenta seduzir beltrana, que ficou com fulustreco, mas que a amiga disse que foi só uma ficada, agora quer se chegar pra mim, ou pra minha amiga, tanto faz num tanto fez. O sentimento passa ao largo, hoje estou cansada. Mas sorrio ouvindo o cabra e balanço o copo, sorrir e balançar o copo é cool e faz parte, cumpro o ritual com olhos cansados e fisionomia altiva. Tou com saudade de amar. Sinto isso. E ouço uma vozinha... sei,...

Ressignificar

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  Era para ser uma tênue lembrança? Pois bem, não foi o que veio, não de início. Asco, raiva, revolta, medo, incompreensão, assédio moral e sexual, memórias congeladas formaram uma vítima. Um perigo isso! E uma pena, um desperdício. Quase meio século de escolhas voltadas com o olhar para essa criança. A adulta carregava enraizada a criança assustada, não merecedora. E uma crença assim sai fácil não, tem coisa que uma vida só não resolve. Se disfarça, se esconde, se nega, adulto é tinhoso, mas no meio do peito ela está lá, lembrando quem é você, de onde você vem. Um peso vivo e congelado, e adianta ter raiva e negar não, um dia só melhora se fizer as pazes com ela. E então esse dia chegou, afinal! Mas nem pense que ele chega assim, de supetão, divino e gratuito, é um aprendizado que dói. E liberta, como liberta! O acaso: Começou com uma postagem no Instagram, a mulher postou uma figurinha sobre empoderamento feminino. Que audácia! Havia muitos momentos em que a adulta es...